Somos todos pedestres
- André Bianche
- 9 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Polêmica mas cheia de benefícios diretos a zona pedonal ou peatonal vem tomando espaço nas grandes cidades.

Rua das Flores,Curitiba-PR
Afinal, O que é uma zona ou rua pedonal?
Termo que tem se espalhado pelo mundo nos últimos tempos ainda é um grande tabu nas cidades em que os costumes priorizam a utilização maciça do automóvel particular.
De forma simples, direta e sucinta a definição seria o lugar dos pedestres, mas em dias de primazia do automóvel é preciso ir além. Grandes cidades como Londres, Tóquio e Paris já verificam os benefícios para a mobilidade, segurança, qualidade do ar e economia gerados pela implantação de locais públicos onde veículos motorizados de transporte individual não estão autorizados a entrar.
No Brasil existem muitos exemplos de vias destinadas exclusivamente ao pedestre. A grande “novidade” é a transformação de vias comuns e centrais da cidade, cujo desenho privilegiava o uso do automóvel, em pedonais. A cidade de Curitiba orgulha-se de ter realizado a primeira intervenção urbana brasileira que, de forma extremamente ousada, elimina o uso do automóvel numa das mais movimentadas avenidas da cidade, inaugurando em 1972 a charmosa Rua das Flores, com paisagismo primoroso e instalação de piso e mobiliário que valorizam a caminhada e a permanência num dos mais belos cartões postais da cidade.
Outras cidades como São Paulo e Rio de Janeiro também vêm realizando grandes intervenções urbanas cujo traçado prioriza o uso do transporte público em detrimento do individual, esta última cidade faz uma verdadeira revolução implantando grandes bulevares, demolindo viadutos, criando túneis e reimplantando linhas de bondes (agora de cara nova e chamados pela sigla VLT, que significa Veículo Leve sobre Trilhos) em vias que antes apresentavam trânsito intenso de veículo automotores.
Essa tendência vem transformando a forma de vida nos grandes centros, algo que já se via nas cidades do interior e, sob muita polêmica, vem mudando a forma como se utiliza o carro, chegando ao ponto de eliminar-se dos edifícios a necessidade de garagens e estacionamentos, fazendo surgir um novo cidadão que vive a cidade de forma mais humana, melhorando a qualidade de vida individual e coletiva com soluções simples. A cidade se beneficia pelo surgimento de um senso comum de pertencimento ao lugar, que cria na população, de forma geral, uma vontade de preservação e planejamento que já não eram tão comuns.

Cinelândia, Rio de Janeiro-RJ
De forma geral, no mundo inteiro, arquitetos e urbanistas vêm se debruçando sobre suas pranchetas com o objetivo claro de criar espaços onde arborização, pavimentação de qualidade e mobiliário urbano aliados a conceitos aplicados de acessibilidade universal para democratizar a utilização de espaços públicos com qualidade e conforto, promovendo o convívio harmônico entre pedestres, ciclistas, transporte público e automóveis particulares, priorizados nessa ordem, tornando a cidade cada vez mais humana.
Partindo, então, da ideia de que somos todos pedestres ao menos uma vez por dia, nada mais óbvio do que repensar as vias públicas e rever esse amor incondicional pelo automóvel, com vistas à readequação de nossas cidades a essa “nova” ordem mundial.
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